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O que aconteceu com as Lojas Americanas?

NOTÍCIA
O que aconteceu com as Lojas Americanas?

O que aconteceu com as Lojas Americanas?

Caso Americanas e as inconsistências contábeis de 20 bilhões de reais

As Lojas Americanas, fundadas em 1929, é uma das maiores redes varejistas do Brasil, tendo mais de 1.700 estabelecimentos e cerca de 40.000 empregados. Seus fundadores foram John Lee, Glen Matson, James Marshall, Batson Borger e Max Landesmann, que inauguraram a primeira loja em Niterói, Rio de Janeiro. Com o slogan: “menos de 2 mil réis”, baseado na frase muito famosa nos Estados Unidos: “tudo por cinco ou dez centavos”, a loja virou um sucesso e, até hoje, é uma das varejistas mais poderosas no Brasil. A companhia atua tanto com lojas físicas quanto com lojas digitais, modelo esse impulsionado pela pandemia para que as vendas não fossem prejudicadas. Consolidando-se como uma gigante no mercado do varejo, as Lojas Americanas valiam 11 bilhões de reais no começo de 2023, superando redes como Pão de Açúcar e Raia Drogasil.

Com a virada do ano, Sérgio Rial e André Covre assumiram, respectivamente, os cargos de presidência e diretoria de relações com investidores, porém deixaram as posições em apenas 10 dias. Logo após a saída de ambos, no dia 11 de janeiro, a Americanas revelou que havia identificado em uma análise preliminar algumas “inconsistências em lançamentos contábeis”, em valores que chegaram a 20 bilhões de reais, ou seja, o valor binário (referente aos primeiros nove meses dos anos anteriores incluindo 2022) não havia sido registrado de forma adequada. De acordo com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as inconsistências citadas ocorrem devido ao não reconhecimento de despesas financeiras nos resultados (ou os passivos financeiros não são reconhecidos com os bancos ou porque os passivos são ajustados para os fornecedores a valor presente, sem a segregação correta dos juros embutidos).  

A empresa afirmou que o impacto das inconsistências contábeis deve ser limitado apenas ao seu caixa, que após a revelação do rombo, deixou de ter 8 bilhões e passou a conta com 800 milhões de reais. Os resultados ainda não são certos, porém analistas do mercado avaliam três possíveis efeitos negativos que podem ocorrer: o maior custo de dívida, devido ao risco de liquidez e crédito, impacto no capital de giro, isso porque a companhia pode ter problemas em manter os pagamentos de seus fornecedores em dia e o aumento do endividamento, fator que depende do ajuste no balanço patrimonial. As ações da Americanas haviam subido bastante com a entrada do novo presidente e diretor, dado que o mercado estava bem otimista com a nova gestão, porém após renunciarem aos seus cargos e as inconsistências serem divulgadas, as ações e valores da rede de varejo despencaram, com uma redução de 77% nas ações e 90% no valor da companhia.  

O conselho da rede decidiu criar um comitê independente para apurar as causas das inconsistências contábeis. Segundo a empresa, ainda é muito cedo para apontar quais foram os motivos e os responsáveis. As análises de mercado mostram visões negativas sobre as ações, mas também demonstraram incertezas sobre as futuras consequências do rombo bilionário. Segundo Leandro Siqueira, sócio fundador da Varos Research, as informações divulgadas pelas Americanas ainda não são tão claras, o que demonstra que a própria empresa ainda está tentando entender o que aconteceu. Leandro afirma ainda que “só teremos uma visibilidade maior quando eles emitirem seu balanço, que eles vão ter que fazer isso”.

Na última quinta-feira (19), a Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da rede varejista Americanas (AMER3), que apresenta um rombo de mais de 20 bilhões de reais. Segundo o juiz Paulo Assed, que aceitou o pedido, “trata-se de uma das maiores e mais relevantes recuperações judiciais ajuizadas até o momento no país, não só por conta do seu passivo, mas por toda a repercussão de mercado”. Com a recuperação judicial em andamento, a Americanas terá um prazo de 180 dias, denominado “prazo de blindagem” onde suas obrigações de dívidas ficaram suspensas (o intervalo pode ser prorrogado por mais 180 dias).

Porém, antes disso, em até 60 dias, a rede varejista terá que apresentar uma primeira versão de um plano de reestruturação, contando com medidas a serem tomadas para o balanceamento do capital e, após o prazo, a empresa terá 150 dias para realizar uma assembleia de credores para que o plano seja aprovado. Com essa determinação da justiça, os valores antes congelados por bancos terão que ser devolvidos ao caixa das Americanas, como os 470 milhões congelados pelo Bradesco. O rombo bilionário envolvendo a Americanas ainda não completou 10 dias, ou seja, ainda é um caso recente que será investigado para que os motivos das inconsistências sejam apresentados.

 

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